sexta-feira, 12 de junho de 2009

EXTERMINADOR DO FUTURO - A SALVAÇÃO

Sem o criador e diretor James Cameron desde o filme anterior, e agora sem o andróide republicano (não confundir com replicante, esse era de Blade Runner) Schwarzenegger, a série de ficção científica mais popular do cinema depois de star wars sobrevive e parece ter fôlego para ir ainda muito mais longe! Christian Bale interpreta um John Connor maduro, com seus trinta e poucos anos em 2018, enquanto Anton Yelshin representa seu pai (!) kyle Reese, ainda adolescente nesse mesmo futuro pós-apocalíptico, gerando um paradoxo interessantíssimo que, aliás, poderia ter sido um pouco melhor explorado no roteiro. A direção também não é das melhores, mas o pouco conhecido McG (Joseph McGinty Nichol) pelo menos faz bem melhor, nessa superprodução, do que fizera com os dois filmes d’As panteras. Pudera! Depois que o próprio Cameron desdobrou o roteiro simplíssimo do primeiro filme (em Terminator II) mostrando o jovem John Connor começando sua luta insólita contra um futuro aterrorizante e mais ou menos conhecido, abriu-se todo um fantástico universo de possibilidades a serem exploradas, entre as viagens no tempo e seus paradoxos assustadores, imensas máquinas de guerra que só poderiam ficar mais impressionantes a cada novo filme, e uma história de resistência da raça humana lutando desesperadamente contra as máquinas criadas à imagem e semelhança de sua própria crueldade. Somem-se a isso as perseguições automobilísticas espetaculares, agora incrementadas pela presença das futuristas naves de guerra e dos moto-exterminadores, e um novo e curioso personagem, Marcus Wright (Sam Worthington) que sequer tem certeza de quem ou o que é e a que época pertence.Salvação traz ainda ainda Moon Bloodgood no papel da guerreira Blair Williams, ofuscando Brice Howard Dallas a quem deram o papel de uma Kate Connor (ex Kate Brewster) grávida e pouco significativa. Outra personagem importante é a pequena Star (Jadagrace), uma menina negra de uns dez anos que acompanha e auxilia o jovem Kyle em sua desigual luta contra as máquinas, dando um gostinho de Frank Miller ao roteiro de John Brancato e Michael Ferris.

Falando em “gostinho”, tem uma cena em que aparece um depósito de combustíveis, que acaba explodindo, com os carros sucateados e tunados fugindo de um robô gigante lembrando o genial Mad Max 2 (exceto pelo robô gigante... rs). Se foi uma homenagem deliberada, bastante justa, afinal o estilo da aventura deve alguma coisa aos pioneiros futurist road movies protagonizados pelo então jovem Mel Gibson. Homenagem ou não, outra cena curiosa foi o momento em que em que John Connor fala no rádio algo parecido com “não somos máquinas, somos homens”, lembrando Charlie Chaplin em “O grande ditador”.

Assisti o Exterminador do Futuro em 1985, no extinto cine Inajá, quando tinha 15 anos! ontem, fui ao cinema com meu filho Leon, de 15 anos, assistir o Exterminador do Futuro 4, ou simplesmente Terminator Salvation; como fã de ficção científica no cinema desde aquele outro século, não poderia deixar de escrever e publicar aqui minha modesta crítica!


quinta-feira, 11 de junho de 2009

ZEITGEIST - o espírito do tempo e o fantasma das conspirações

assisti ontem o filme Zeitgeist, e acabei em seguida dissertando um pouquinho sobre minhas impressões...

O filme começa com belíssimas animações e imagens científicas (me pareceram extraídas da clássica série “cosmos”, de Carl Sagan, mas não é o que diz a referência) logo substituídas por cenas da tragédia do WTC e de diversas guerras. Em seguida entra uma narrativa e um discurso, respectivamente atribuídos a Jordan Maxuell e George Callin, este último fazendo chacota com as instituições religiosas e seu paradoxal Deus amoroso, impiedoso e capitalista. O discurso é acompanhado de divertidas animações, e só esta introdução cheia de efeitos (especiais e psicológicos) já nos dá a idéia de que Zeitgeist é uma cuidadosa produção e, embora contrária à tendência da grande mídia, também bastante tendenciosa e não necessariamente “independente”.

A primeira parte fala sobre religião, e utiliza-se bastante dos livros do egiptólogo Gerald Massey, que compara semelhanças entre o “mito” Jesus Cristo e outros mitos mais antigos, especialmente de Horus, uma espécie de “messias” egípcio (segundo Massey), filho do Deus-Sol. O paralelo entre os dois símbolos religiosos é bastante interessante, mas o filme comete a grande gafe de sensacionalizar as informações apresentadas, ironizando e desprezando as diversas crenças dos povos antigos, e especialmente o judaísmo e o cristianismo. Mesmo assim, o ponto mais importante desta primeira parte do filme são justamente as informações teológicas (e astrológicas); mas a narrativa cai em contradição ao desdenhar a religião e a teologia, chamando a ambas de “grandes mentiras”, embora se utilize justamente de conhecimentos da teologia, ou seja, o estudo das religiões, em seu aspecto histórico-científico. Em minha opinião, o exagero em tentar desacreditar as religiões e a própria fé, sem mostrar os aspectos positivos/humanos e respeitar a importância antropológica das culturas religiosas pode ter comprometido a credibilidade sobre todo o belíssimo, impressionante e revolucionário trabalho de pesquisa e produção do filme, que termina falando em amor e revolução, mostrando frases e fotos de Hendrix, Lennon, Luther king, Gandhi e Carl Sagan (frases que parecem, em certo sentido, bastante “religiosas”), sem poder incluir entre esses “heróis” qualquer frase de Jesus Cristo, depois de ter insinuado que esse personagem pode nunca ter existido... Assim, fica a impressão de que o excelente material apresentado nas partes seguintes do filme, com importantes informações que governos, mídia e história oficial(?) preocuparam-se em esconder ou distorcer, foi utilizado tendenciosamente, associado pela produção do filme a uma infeliz propaganda anti-religiosa que, uma vez radical, assemelha-se muito ao que dentro das religiões chamamos de fanatismo. Ou então, os produtores do filme simplesmente descobriram, de repente, os livros de Gerald Massey (que já têm aproximadamente um século!), ficaram impressionados com as informações sobre os paralelos entre as antigas religiões, acreditaram em tudo sem buscar as refutações de outros pesquisadores, acharam que tinham aí revelações bombásticas sobre a manipulação dos povos através da criação de mitos religiosos, e que tais informações bastariam para desmascarar toda instituição religiosa. Melhor seria se, utilizando a mesma linha adotada nas partes seguintes, tivessem neste segmento mostrado mais dados históricos (e até mesmo especulações) sobre a forma como o império romano e mais tarde outros tantos impérios apoderaram-se dos mitos (ainda não manipuladores e geralmente opositores dos sistemas de poder, em suas origens). Se Cristo é um mito e a definição utilizada para tal é de que “mito” é uma “falsa idéia” capaz de arregimentar uma imensidão de seguidores, qual argumento excluiria as imagens-símbolos de Hendrix e Lennon dessa mesma classificação? Além disso, existe para os pesquisadores um Cristo histórico, procurado e hoje já encontrado em outras pistas além dos muitos evangelhos (dos quais apenas quatro compõe a bíblia oficializada), e este, como personagem potencialmente humano, é completamente ignorado em Zeitgeist. Como mensagem de conscientização e de revolução através da consciência, esta primeira parte do filme fracassa ao “rotular” o cristianismo como um instrumento apenas de alienação, esquecendo-se que em sua origem os próprios cristãos eram revolucionários, idealistas e extremamente perseguidos por Roma, quando não pelos próprios religiosos judeus; mas salva-se pela riqueza de informações, que nos atiçam a curiosidade, e pela ótima qualidade da edição. No fim, todas as curiosidades sobre os paralelos (não plágios!) entre os mitos religiosos acabam, ao contrário do que dizem os narradores, reforçando a idéia da importância e dos mistérios que estes possuem na história da humanidade; mas a tendência anti-cristã pode também, como mencionei acima, desacreditar o trabalho como um todo, para muitos cristãos que não fazem a distinção entre mito, fé e história!

Na segunda parte, o filme fala quase exclusivamente sobre os eventos do “11 de setembro”. Eu já tinha visto outro filme, Loose Change, sobre a suposta conspiração do próprio governo americano aliado a banqueiros com interesses em obter lucros com a guerra, que teriam deliberadamente planejado ou ao menos participado dos ataques às torres do WTC e ao pentágono. Muitas informações, especialmente coisas que já tinham aparecido na mídia, repetem-se em ambos, outras se somam, mostrando um contexto em parte exibido pela própria mídia americana, em parte montado através de entrevistas exclusivas e especulações dos autores, onde é impossível não acreditar que, no mínimo, o governo americano esconde (e/ou confunde) a maior parte das informações reais acerca da tragédia. Causou-me um calafrio a foto mostrada de uma coluna de aço ‘cortada’ em diagonal, entre os destroços, exatamente como o engenheiro explicava que as vigas eram cortadas ao se preparar uma demolição; e em seguida o vídeo mostra o físico Dr. Steven Jones, que analisou destroços de metal fundido das estruturas do WTC e encontrou traços de “Termite” e “Thermate”, uma mistura química utilizada exclusivamente pelas indústrias de demolição controlada (essa informação foi recentemente confirmada em artigo numa publicação científica, The open Chemical phisics journal). Há outros indícios de que os prédios (as torres 1, 2 e 7, esta última, de 57 andares, misteriosamente ignorada pela mídia) foram mesmo preparados para implodir, mas esta versão permanece negada pelos relatórios oficiais até hoje...

A terceira parte fala sobre a economia, inclusive de guerra. Num passeio documental pela história econômica norte-americana, vemos como o sonho de liberdade foi vendido aos grandes banqueiros e a manipulação de uma série de importantes leis vem produzindo um poder econômico privado, brutal e há muito incontrolável (embora extremamente controlador) acima de todo e qualquer governo, caminhando em direção a um poder totalitário, centralizador sobre todas as economias (e vidas) do mundo. As partes mais interessantes ficam por conta do discurso de John Kennedy, proferido pouco antes de seu assassinato, ; e as explicações sobre como e porque os Estados Unidos realmente teriam participado das grandes guerras e da guerra do Vietnã, forçando ou forjando ataques inimigos, prática bastante aprimorada através das décadas até culminar em... 11 de setembro de 2001!
Bom, o final do filme eu já contei, né... hahaha. Engraçado que ao ouvir as palavras de Carl Sagan, falando sobre uma “nova consciência, que vê a Terra como um só organismo”, eu lembrei (além do Fritjof Capra) justamente de Leonardo Boff, ex-padre, ex-adepto da Teologia da Libertação e atualmente seguidor dessa linha holística, uma espécie de “Ecoteologia”, mas ainda assim teologia... afinal, se não tivermos a dúvida e a esperança de e em um Deus, de onde viemos e pra onde vamos???

Num balanço geral, o filme é muito bom, chega a ser emocionante em vários trechos, e aliás, foi produzido e editado justamente com essa intenção; o que também o torna tendencioso, ideológico, quase doutrinário, e vale ainda citar que alguns trechos reproduzem inflamados discursos anti-religiosos ou anti-capitalistas, feitos por apresentadores de televisão americanos que se utilizam exatamente das mesmas técnicas de retórica usadas por pastores evangélicos radicais e políticos populistas! Mas a grande questão que o filme propõe é real, e bastante séria: vida, morte e informação estão sendo manipuladas por pessoas, governos e instituições muito poderosas, talvez como nunca antes! Voltarei a falar sobre Zeitgeist e o 11/09 num próximo texto onde comentarei o Loose Change, outro filme um pouco mais jornalístico, acerca deste mesmo assunto!