quarta-feira, 1 de março de 2017

TUPINANQUIM: segunda feira retardada

TUPINANQUIM: segunda feira retardada

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

superlua


sábado, 25 de outubro de 2014

Porque eu voto no PT

Porque voto no PT –apesar de às vezes ser/parecer oposição– e –mais do que nunca!– NUNCA no PSDB:

Desde criança, no início dos anos 80, o PT é o partido com o qual simpatizei, influenciado pela militância de minha irmã mais velha que, já na faculdade, participou daquele grupo inicial petista em minha cidade, nos tempos do presidente general João Batista Figueiredo. E desde então o PT sempre fora marginalizado, alvo de comentários preconceituosos tanto na imprensa quanto na boataria que trabalhava a favor da manutenção dos velhos modelos de direita, defendendo família, propriedade, ordem e submissão popular. E em épocas de eleições municipais e estaduais eu sempre ficava muito triste com o fraco desempenho nas urnas daquele partido que simbolizava sonhos de um país mais justo; e meu coração se animava com bons resultados colhidos mais longe, como a eleição de alguns deputados e prefeitos de desconhecidas cidades de interior (lembrando que os prefeitos das capitais ainda eram nomeados pelo próprio governo militar). E ao menos nas retas finais de campanhas, de uma forma ou outra eu também militava.
Desde a adolescência, porém, eu via alguns aspectos do modelo petista com uma visão mais crítica, especialmente alguns exageros nas lutas sindicais (que hoje compreendo melhor em suas razões e tradições), e a falta de mais ênfase em propostas ambientalistas, omissão que acabou gerando o PV brasileiro, um dos primeiros rebentos do Partido dos Trabalhadores. Os tempos foram mudando e o PT também: passou a aceitar coligações, conchavos, práticas de campanhas mais tradicionais, e por fim corrompeu-se. Já faz algumas eleições que meus votos são divididos com candidatos de outros partidos de esquerda ou centro (como o próprio PV). E veio o governo federal petista, com Lula e Dilma (ela que naqueles tempos onde comecei a acompanhar a política era filiada ao partido de outro líder de esquerda, o PDT de Leonel Brizola), repleto de contraditórias emoções: de orgulho pelas conquistas (que nem preciso mencionar aqui) e revolta ou mesmo vergonha por equívocos e políticas onde deixou a desejar. 
Assim, no primeiro turno não votei em Dilma, mas no verde Eduardo Jorge, e quase me arrependo depois de ver a sua atitude de apoio ao candidato da reação da direita. “Quase” porque se alguém há de realmente arrepender-se acredito que seja o próprio ex-candidato, o que talvez já tenha acontecido depois de ver discursos do seu novo aliado onde este prega, por exemplo, a intensificação da repressão ao tráfico e consumo de drogas (parecido com o que diz também a Dilma), bem diferente da proposta do Partido Verde defendida pelo médico e líder ambientalista.
De qualquer forma, surpreendeu-me também o apoio de diversas pessoas famosas legais ao candidato da direita; e é preciso reconhecer que o seu grupo fez uma grande e fortíssima campanha, revertendo tendências de dois meses atrás onde ele sequer indicava chegar aos segundo turno. Esse Aécio, afinal, tem muitos amigos e eu acho que não nos cabe julgá-lo por suas condutas pessoais, mesmo que seja verdade que bateu numa namorada há alguns anos (o que seria apenas um problema para a Justiça caso a moça em questão tivesse dado queixa ou aberto processo) e nem mesmo por ele ter sido pego numa blitz com a carteira de motorista vencida e em seguida se recusado a fazer o teste do bafômetro; digamos que qualquer um de nós poderia ter cometrido esse deslize e todos temos o direito ao arrependimento.
O que está em jogo nessa eleição, portanto, não são as atitudes pessoais de ambos os candidatos, e nem mesmo as propostas que parecem meras promessas sem que seja detalhado como e quando serão cumpridas. São os projetos, tendências, e os compromissos assumidos com quem não apenas apóia mas constrói cada uma das campanhas. Aécio representa um projeto, como a própria Marina Silva afirmou; mas esse projeto tem origem e interesse não em idealismos em favor do ser humano, ou de um futuro sustentável e justo como a líder ambientalista gostaria, mas em grupos de poder, em objetivos de assimiladores de poder econômico de larga escala como grandes empresas e organizações internacionais que visam apenas lucro; e “grandes” é "grandes” mesmo: pra se ter apenas um rápido exemplo, recentemente o site estadunidense de economia Bloomberg publicou uma matéria divulgando, para seus leitores interessados, simplesmente o compromisso assumido por Aécio Neves de leiloar o direito de exploração do nosso petróleo e afirmava que as maiores beneficiadas seriam as empresas privadas norte-americanas Shell e Halliburton. Traduzindo um trechinho literalmente: “O candidato da oposição Aécio Neves promete leiloar licenças de exploração com mais frequência, aumentar os preços dos combustíveis e facilitar o processo legal e burocrático para as Petroleiras estrangeiras. Neves, cujo partido PSDB abriu o petróleo para as petroleiras estrangeiras no final dos anos 90, surpreendeu os analistas ao ficar em segundo lugar na votação 05 de outubro e forçar um segundo turno eleitoral.” É bom atentar para o fato de que essa promessa do Aécio não foi divulgada na sua propaganda eleitoral para a população, assim como a frase do seu candidato a ministro da fazenda (que Aécio Neves não desmentiu que é seu escolhido em nenhum momento, porque deve ter assumido o compromisso por algum acordo) que diz que iria sobrar “muito pouco” dos bancos públicos no final de sua gestão também fazia parte de alguma entrevista dada por ele de forma descuidada, depois o áudio foi disponibilizado em diversos sites (como aqui) mas a frase nunca foi devidamente explicada nos programas do candidato tucano. 
O PSDB é o partido que representa os detentores do poder econômico e como já fez nos tempos do Fernando Henrique Cardoso, tem intenção de privatizar, ou seja, transformar as empresas públicas, que pertencem ao país, em privadas, sem observar as razões, metas, história pelas quais essas empresas foram construídas e geridas pelo poder público. Não é o caso de defender a iniciativa privada, coisa que o PT também faz e às vezes até demais; não é o caso de incentivar a criação e o crescimento de novas empresas privadas, e também não é o caso de abrir o mercado para importações e exportações. Privatizar na ideologia elitista e ao mesmo tempo submissa desse partido significa vender, a preços meramente simbólicos, empresas que pertencem e servem ao povo: nem sempre tão bem, verdade, até por suas trajetórias ao longo de décadas de governos militares e/ou corrompidos, mas nada que não possa ser consertado por governos competentes que tenham preocupações com infra-estrutura e autonomia, e o PT, acredito, é o que mais se aproxima desse caminho em todos os governos federais que já conheci. 
Nada do que foi privatizado no governo FHC ficou melhor do que era: as ferrovias, dominadas agora por empresas como a América Latina Logística, ficaram lamentavelmente sucateadas e só começaram a melhorar recentemente com novos investimentos estatais do governo Dilma. Aqui pertinho da minha casa tem uma estrada de ferro que não recebeu nenhuma manutenção nos primeiros anos depois da privatização (embora continuasse em uso): os dormentos apodreceram, alguns trechos começaram a afundar, o óleo queimado das máquinas velhas aumentava e parecia sempre uma questão de tempo até que um trem descarrilasse bem aqui nessa curva, como aconteceu em diversos outros trechos dessa e de outras ferrovias no Paraná, causando inclusive prejuízos sérios ao meio-ambiente. 
As auto-estradas paranaenses têm pedágios caríssimos, é muito difícil ouvir alguém concordando com esses valores; e vejam só: a BR 277, no trecho de 100 KM que liga minha cidade, Ponta Grossa, à capital Curitiba, tinha acabado de ter a sua duplicação concluída pelo governo, depois de uma espera de décadas, quando foi privatizada em 1997 e os usuários passaram a pagar um pedágio caríssimo, a uma empresa particular, a Rodonorte, que apenas contruiu as praças de cobrança e
administrou a obra já concluída.
No caso da telefonia fixa é ainda pior: a antiga Telepar, depois de privatizada, mudou de nome para Brasil Telecom (como filial de uma empresa italiana que por aqui funcionou como uma espécie de máfia, até que seus crimes financeiros foram denunciados tornando-se um escândalo que muita gente já esqueceu) e recentemente Oi. Nunca funcionou melhor do que na época em que era estatal, e quando o telefone fica mudo é preciso gastar horas até conseguir registrar o defeito pelo serviço de atendimento, demoram dias pra consertar e já precisei reclamar de cobranças indevidas dezenas de vezes! Não sou contra a iniciativa privada, de modo algum, mas sou totalmente contra a venda do patrimônio brasileiro construído como tal, como empresas públicas de serviços essenciais ao povo. Manter e melhorar os bancos públicos, a Petrobrás, a Copel (Companhia Paranaense de Energia que por acaso foi mantida pública e funciona melhor do que as empresas privatizadas de São Paulo) não são objetivos de um futuro governo tucano, ao contrário. Pra mim só isso já seria motivo pra querer manter esse grupo bem longe da administração do país que eu amo. Há muitos outros motivos... mas pouco espaço aqui, pouco tempo nesse momento... 
Amanhã vo(l)to ao PT: Dilma 13, pela continuidade de um país buscando sua soberania!

sexta-feira, 22 de março de 2013

Podia torcer sem essa


http://edilson-ifmt.blogspot.com.br/2011/04/maracana-verdadeira.html
Maracanã é um nome tupi, genérico de algumas espécies de papagaios verdes e/ou amarelos, nativos da mata atlântica! Também é sinônimo, por aquisição cultural, de alegria coletiva, de grandes comoções, de grandes clássicos e finais do futebol brasileiro e mundial, de festa popular! A Aldeia Maracanã e seu prédio oitocentista, ao lado do famoso estádio, é símbolo da cultura indígena desde muito antes da construção do gigante de concreto que adotou o nome de origem nativa. Hoje, porém, Maracanã é um imenso símbolo capitalista: a polícia faz a desocupação, à força, dos índios que ali vivem há sete anos, quando retomaram o espaço então abandonado do antigo museu da cultura indígena que tinha sido idealizado por Rondon há 100 anos.
http://www.midiaindependente.org/pt/blue/2012/08/511050.shtml

E assim, o governo fluminense perde uma grande chance de respeitar, preservar e valorizar as raízes culturais da aldeia carioca, do estado e do país! Entendo que os índios não queiram sair do local, sem saber pra onde ir, quando ficará pronto o prometido Centro cultural indígena, e entendo também que o interesse econômico sobre o local é maior do que qualquer discussão encampada até aqui. E quem paga pelo gigantesco templo de concreto que será cada vez menos brasileiro, pra variar, é o povo, já que o governo já gastou quase 2,5 bilhões com a área desde 1999 (segundo o site sosaldeiamaracana) e com a privatização deverá arrecadar apenas 150 milhões até 2048. Talvez um dia o Brasil seja propriedade da FIFA, da FIA e da Nike, da IMX, da Microsoft ou da Apple, da Nestlé ou da Monsanto, da General Motors ou da Volkswagen, da Globo ou do grupo Time-Warner... mas ainda é a nossa terra, ainda podemos tentar evitar isso, buscar outros caminhos, e não tem como eu simpatizar com esse tipo de atitude autoritária. Cada vez mais acho que essa copa do mundo no Brasil será uma reafirmação da conquista e demonstração de poder imperial como aconteceu na nossa América há cinco séculos.

A moça do sonho


O celular despertou às 6h, mas desliguei-o e me aninhei. Outro dia teria ligado a tv pra ver Smallville. Ou deveria ter levantado pra ir à dentista, onde só poderia ser atendido se chegasse às 7h. Mas voltei a dormir. Preciso descansar. A dor de dente e de coluna, o estudo em cima da hora pro concurso da UFPR, o barulho das máquinas na obra ao lado de casa, as contas atrasadas... são problemas mas também desculpas pra me estressar ainda mais e depois tentar recuperar horas de sono em momentos mais impróprios. Não, hoje mereço uma ou duas horas de sono a mais, pensei sem articular a frase, e sim, dormi.
Tive um sonho bonito, tipo sessão da tarde romântica. Tinha uma moça que não era a mais bonita, mas era doce. Ela tinha uma coruja que por um momento se aproximou de mim sem medo. Haveria uma festa onde essa moça era a filha do anfitrião e eu fingia que era convidado. Tentando encontrar um conhecido que talvez me arrumasse o convite, acabei dentro da festa, que era um jantar, mas eu ainda não tinha prato, e quase ninguém me conhecia. Os anfitriões apareceram e quando eu chamei a moça, pra explicar que era um penetra, ela me fez dançar. Eu só sabia dois passos pra cada lado, e percebi que estava de chinelos. “Você tem que sair dessa” disse ela, e eu fiquei confiante e comecei a dançar melhor, mas já não tinha música. Ela me abraçou de leve e eu tive o meu momento de cinderelo!
Acordei, e por causa do estudo para a prova, tinha caderno e caneta do lado da cama. Rascunhei a narrativa do sonho, mais ou menos completa. Estava feliz e agradeci a Deus pela hora sem dor. Hoje, 22 de março, é o último dia pra enviar um livro pra um grande concurso de literatura... tenho um livro de contos incompleto, talvez esse sonho o completasse... como aconteceu quando ganhei o concurso de contos de minha cidade com uma lenda local que me veio à mente em seus detalhes no último dia da inscrição. Mas não, esse sonho não veio para o concurso de literatura. Entendi a mensagem, que se repete em formas diferentes de vez em quando há muitos anos. A moça do sonho não é uma futura namorada ainda desconhecida, nem conhecida que tenha outro rosto; não é minha companheira amada, nem alguém do meu passado. É meu ideal, o objetivo real que só se realiza se nos apaixonarmos por ele, e se deixarmos que ele também nos guie, quer dizer, é preciso se moldar um pouquinho, e confiar no caminho. A moça do sonho é o bom futuro, e o protagonista do sonho sou eu, onde começo como menino inocente, torno-me adolescente um pouco rebelde e, embora atrapalhado — ousado, e por fim, um adulto que precisa seguir algumas regras, e sou tudo isso ao mesmo tempo. Não contei aqui o fim do sonho, um pouco mais real, o momento de acordar.... quem sabe no livro de contos num futuro muito próximo, pouco distante! A mensagem que me fica é a certeza de quem eu preciso ser, o personagem do sonho, menino, adolescente e adulto ao mesmo tempo, e talvez velho o bastante pra saber que vou acordar quando o sonho acabar, que a vida é um sonho e o sonho é real!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

oras blogas

Pra enxergar Deus eu me torno como uma folha ou uma tela em branco.
Abro mão de tomar o meu sol hoje! e oro no bloco de notas:


Senhor Deus, criador da vida! Inteligência do Universo, que eu não consigo compreender, exceto quando imagino q você seja uma mente suprema, mas parecida com a minha, ou melhor, que a minha percepção das coisas é um pouco parecida com a sua existência como um Indivíduo. Mas não sei se você é um indivíduo. Não sei quase nada a seu respeito, Pai, exceto o que me ensinaram na Igrja e o que a bíblia diz, e duvido da maioria das coisas que a Bíblia e que o sacerdote cristão dizem.
por outro lado, me comovo com hinos de louvor que por sua vez são tocados e cantados com emoção e beleza artística. e isso me ajuda a reconhecer que a fé é algo belo e importante em nossas vidas, e aumenta a minha esperança de que não estou só quando aparentemente estou só.

Então, quando estou só, oro. e o resultado do que acontece comigo, não tanto do que vem do mundo mas do que acontece em minha própria mente, é a minha experiência real com você, Deus. Muitas vezes acontecem coisas boas e gosto de acreditar que Deus está interferindo diretamente nas coisas, nos fatos ao meu redor. Mas nem sempre acontece algo que possa ser considerado uma resposta positiva ao que eu pedi e até implorei. Mas que graça teria se o meu Deus fizesse tudo o que peço?

Então o que peço é perdão pelos meus erros; discernimento, novas chances de ser feliz. e descubro que pra ser feliz eu preciso ajudar mais alguém a ser feliz. e descubro que essa é a mensagem principal de Deus na Bíblia judaico-cristã e, possivelmente, em outras importantes doutrinas como o Budismo e o Espiritismo; embora o principal mandamento seja "ame a Deus acima de todas as coisas", como vou amá-lo se você é a própria idéia do amor transformado em vida? então amando me aproximo de ti e vice-versa... é isso?

Não vejo você diante de mim nem ouço sua voz... pelo menos, não como um ser parecido comigo, conosco seres humanos. Mas às vezes tenho essas sensações, palpites acerca de como deveria agir em coisas pequenas, e que muitas vezes vão de fato CONTRA a minha vontade. "Desligar o computador", por exemplo. Mas eu tinha emails pra mandar, recados a conferir, desenhos no photoshop pra fazer... aí "desobedeço" a intuição que parece autoritária e insensata... e o computador trava, ou a conexão não funciona. continuo procurando mensagens até que vem a intuição misturada com a minha vontade, como se fosse um acordo: reinicie, conecte mais uma vez, mande o email, espie os recados e depois vá dormir. Mas aí alguém aparece na internet, responde, começo um papo... e deixo de dormir e descansar meu esqueleto pra que possa enfrentar com disposição esse dia seguinte.

Outras vezes a intuição do que você me diz vem em forma de imagens sim: o dedo sobre os lábios indicando que não é a hora de falar. Mas como, se as palavras querem sair, se o meu pensamento dói ficando aqui preso? da mesma forma, imagino um anjo ou Jesus Cristo indicando alguma direção com o braço quando estou indeciso. Fruto da minha imaginação, provavelmente. Meu inconsciente se manisfestando pra ajudar a tomar uma decisão mais ou menos complicada (mesmo que muitas vezes pareça nem ser importante analisando o contexto imediato). E então é assim que você age na minha mente, comunica-se, com a imaginação aflorando do meu próprio inconsciente?
Não sei dizer com certeza. Mas gosto de acreditar que você existe sim e que está me ajudando. Preciso acreditar nisso pra não enlouquecer. Não quero mais ficar sozinho no mundo nem no meu pequeno espaço, já abusei desse direito e hoje isso me oprime. Mas estou só a maior parte do tempo, moro nesse lugar bonito longe da cidade, convivo com meus cães, gatos, vejo pássaros, tenho algumas pessoas da família por perto, mas não tenho nesse momento um relacionamento de companheirismo. E diante dessa solidão opressora, tento"me aproximar" de ti. Faço, de ti, meu Deus, o Deus bonzinho que vai resolver os meus problemas, trazer a namorada de volta, curar minhas dores, influenciar juízes, me dar disposição para o trabalho ou numa expressão mais do que alegórica "expulsar de mim o demônio da preguiça"! e ao mesmo tempo, faço de você, Deus real ou imaginário, meu companheiro.
Deus real, eu aposto. Não sei como você faz pra ouvir bilhões de preces ao mesmo tempo, não teria sentido que um Deus único se preocupasse com meus problemas mesquinhos quando tantas famílias estão sendo arrasdas pelas chuvas, mortas, dilaceradas.

Mas eu preciso de ti, um Deus real que não compreendo e vou continuar apostando que você existe. e que todas essas coisas boas que aconteceram comigo, a força de vontade pra superar os vícios, o amor mais forte que tudo incentivando-me a não desistir, o carinho que aparece na hora derradeira, carinho humano ou do vento ou de um vento que toca apenas a alma... Sim, quero acreditar que tudo isso vem de você, Deus criador do Universo, da vida, Amor manifesto nos espíritos humanos. E se você é real deve bem mais do que tudo isso, talvez seja a consciência coletiva que um dia poderemos conquistar; e metaforicamante sempre gostei de imaginar você com um ficcionista que de fato deu vida e escolhas aos seu personagens, mas... a ciência jamais poderia admitir isso e você também é o Autor da ciência verdadeira que a humanidade busca, então me calo em minha ignorância.

Hoje, sigo minha vida orando e tentando lembrar q tenho escolhas importantes num universo compartilhado por muitos eus como eu. Quero ajudar alguém a ser feliz. Quero ter de volta um amor perdido, reconquistá-lo, ou reconquistá-lo numa nova parceria. Um colega me disse uma vez que "amar e ser amado" é a obsessão que herdamos de Deus; uma namorada me disse que encontra Deus quando acorda disposta pra um novo dia depois de um dia anterior ruim. O desejo de ser amado, eu acho, parece uma obsessão porque talvez seja a fome do espírito e essa fome pode ser saciada com um alimento verdadeiro e saudável, ou com gula insensata. do suor do meu rosto tirarei o meu pão, do pensamento dedicado ao próximo colherei meu amor? Bom, Deus, eu acho que voc~e está em todas as coisas realmente boas e como eu já lhe disse antes, tô apostando em você porque pareço não ter outra escolha. e se a tivesse, acho q iria prefereir "morrer como um homem bom (e iludido) do que viver como um homem mau", como disse o personagem de Leonardo di Caprio no filme Ilha do Medo. O tempo trará o resultado de minhas apostas, se minha decisão de apostar em ti permanecer forte. e aqui me agarro numa esperança que parece ilógica, pois se você é tão grandioso, supremo, manda no próprio tempo!
Acredito em você... e confio na redenção pelo Amor. Jesus Cristo... outro mistério no qual gosto de acreditar... foi ele quem melhor nos deu a mensagem do Amor e só por isso já vale minha esperança.
Amém.

fiquem todos com Deus. vale a vida!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

morre genio saramago

Hoje, 18 de junho de 2010, morreu José Saramago, provavelmente o maior ficcionista do planeta da sua e das gerações posteriores, e o mais premiado escritor da língua portuguesa de todos os tempos. É curioso como a morte de um gênio mexe com a nossa atitude diante da sua obra; porém, é essa obra que está aí para mexer com a nossa atitude diante de nós mesmos, e seria mais humano se isso acontecesse enquanto o autor da obra ainda vive... É bem melhor ter ídolos vivos, com quem podemos ter uma chance, ainda que remota, de interagir, elogiar, agradecer! Minha relação com a obra de Saramago, até hoje, foi importante, mas um pouco reprimida, lenta e tardia, e é sobre essa relação que vou escrever um pouco, como homenagem e em função da inquietação que a notícia causou-me.
Em 1998 Saramago ganhou o prêmio Nobel, só que pra nós, aqui no Brasil, isso repercutiu bem menos do que deveria, considerando que ele foi o primeiro premiado cujos textos originais poderiam ser inteiramente compreendidos sem precisar de tradução! Ah, mas não era bem assim: compreendê-lo exigiria bem mais do que simplesmente ler, como fui perceber alguns anos mais tarde. Em 2001, quando entrei na faculdade de Letras (UEPG), fui procurar um livro dele na biblioteca da Universidade: ainda não havia nenhum! Em 2004 tive Literatura Portuguesa com a professora Silvana Oliveira, e o livro que analisamos foi “Memórias do Convento”, considerado o segundo grande romance do escritor. Puta confusão aquela narrativa épica em tempo presente, com vírgulas no lugar de parágrafos/travessões e pontuações afins, e pior ainda porque o meu exemplar era a cópia do xerox do cúmulo do facsímile, e literalmente eu tinha que decifrar alguns trechos borrados ou apagadinhos. Mesmo assim, no finalzinho do prazo antes do debate mergulhei no texto e, confesso que pulando alguns trechos, acostumei com a narrativa e voei junto com o padre Bartolomeu de Gusmão, Baltasar e Blimunda em sua aventura aérea cheia de analogias, homenagens e paródias: “Se não abrirmos a vela, continuaremos a subir, onde iremos parar, talvez ao sol”.
Depois disso, mais um longo jejum até que Fernando Meirelles lançou sua segunda obra prima no cinema (a primeira foi Cidade de Deus), adaptando a obra “Ensaio sobre a cegueira” do Saramago, um dos filmes de ficção científica que mais me impressionou pela qualidade da narrativa; e olha que sou um devorador do gênero no cinema! Nesse momento Saramago voltava às discussões, à mídia, e com a ênfase na genialidade de sua obra aproveitei a primeira oportunidade que apareceu pra ler, finalmente, a sua obra que mais me despertava a curiosidade desde os anos 90: O evangelho segundo Jesus Cristo. Devorei o livro em duas semanas, no ano passado, e logo comecei a escrever a respeito. Mas aí eu quase já não estava mais postando textos na internet, porque fiquei um bom tempo sem conexão e desanimei; além disso escrever sobre “O evangelho...” implicava escrever sobre religião, e sobre a minha relação com o cristianismo, um assunto muito caro, complexo, que adoro discutir mas, quando se escreve para um público amplo, é preciso, antes, dialogar muito bem com a nossa própria experiência... e minha crítica parou no segundo parágrafo.

Hoje de manhã, levantei da cama com vontade de escrever, e começava a buscar no labirinto de fantasias uma ficção para um desses concursos de contos que minha amiga Thaty Marcondes fica divulgando no twitter; mas os problemas mais urgentes tomaram a minha mente, e já diante do computador conectado, fechei a página de notícias que se abria com a manchete bem grande sobre o jogo entre Alemanha e Sérvia que acontecia pela Copa da África do Sul, sem olhar mais nada, e iniciei uma busca no google por respostas a um problema técnico no computador da minha namorada. Quando finalmente cansei de ler tutoriais e discussões sobre softwares e hardwares, olhei para a janelinha do twitter onde duas pessoas haviam escrito o nome Saramago. Movendo a barrinha, vi que eram muitas pessoas, muitas mensagens. O grande gênio vivo da literatura portuguesa, e da literatura em língua portuguesa, não estava mais vivo. E é por isso que estou escrevendo hoje sobre Saramago, atrasando compromissos mais, ou menos importantes, e já recomecei a escrever a reflexão sobre ‘O evangelho segundo Jesus Cristo’ e sobre o cristianismo em si, texto que espero retomar e postar aqui em breve; porque o escritor TEM que escrever, em alguns momentos a força das idéias é mais forte do que tudo, até dói, e não importa tanto quem vai ler, ou quando, e se o que ele escreve vai obrigá-lo a sair do país ou gerar críticas terríveis sobre a sua pessoa... Saramago não se calou desde que descobriu que a palavra era a sua contribuição para desconstruir o mundo opressor e pouco racional que construímos através do poder econômico, do mau uso da religião; ou ao menos desconcertar nossas idéias, é o que ele fazia, faz através da obra que não morre, e é o que aconteceu comigo quando li “O evangelho...” e assisti o “Ensaio sobre a cegueira”: desconcertado, idéias desconstruídas, e vocês podem não acreditar, mas ler Saramago e suas contundentes ironias sobre a torpeza religiosa e a falência moral da sociedade ajudou a aumentar a minha esperança e até mesmo minha fé num Deus que continua atualizando suas escrituras, ou seu blog; e como dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, Ele também pode escrever sem travessões e pontos de interrogação, através de um homem que não se parece muito com um profeta, mas que como muitos profetas foi ameaçado, banido de seu país por escrever que o Deus que cultuamos pode ser, muitas vezes, o grande Demônio da crueldade humana. E temos aí apenas um dos vários grandes e importantes pontos de interrogação deixados pelo homem José Saramago, mortal, em sua obra imortal!